segunda-feira, 31 de março de 2008

Encasquetamentos com Baudrillard

http://revcom.portcom.intercom.org.br/index.php/famecos/article/viewArticle/295


O termo “O Anjo Exterminador”, hoje, talvez remeta mais facilmente aos quadrinhos e video-games com referenciais religiosos. Mas quem o utilizou pela primeira vez em uma obra foi o Luis Buñuel, em 1962. E se você que está lendo acha que eu vou fazer spoiler do filme pode ficar sossegado: ele foi uma eterna promessa não cumprida ao Macedo, que insistia volta e meia com a recomendação (que acabei nunca efetivando).

O link bem acima é de uma análise de Baudrillard sobre esses programas de 'várias-pessoas-em-uma-casa-que-vão-sendo-eliminadas', 'Reality Show', embora o termo me pareça absurdamente estranho para descrever o que neles acontece.

Baudrillard vai utilizar, entre outros, o Anjo Exterminador como um elemento-comparativo para expressar sua análise sobre esses programas.

Um questionamento da arte (entre tantos outros) a seguiu por todo o século XX, embora seja um problema anterior. O 'para quem se destina'. 'O Anjo Exterminador' é um dos 1000 melhores filmes do mundo segundo o New York Times. Quantas pessoas o viram? Mais importante: na relação de base com o indivíduo e seus referenciais, quem 'escolhe' trocar o trabalho do Buñuel pelo Big Brother?

Baudrillard fala também da Disneylândia. Mas a Disneylândia parece-me ser uma defasagem de imaginário. Talvez porque todo os E.U.A. se tornaram a Disneylândia (uma velha metáfora mas sempre interessante). Essa não é mais a era de Mickey Mouse.

Entre o Anjo Exterminador e a Disneylândia, vamos focar no jovem que vê esses programas.

O que o jovem de hoje assimila? O que é 'o jovem de hoje'? Naruto, Britney Spears, Orkut, Second Life, Jogos Mortais...BBB? O certo é que ele não assimila de forma generalizada o Anjo Exterminador, e ultimamente nem mesmo a Disneylandia. Quando começamos análises com esses elementos como pontos-chave, já estamos estabelecendo que esse texto não se destina a quem será analisado.

“O Anjo Exterminador” não descerá do céu. Ou alguém chama ele, ou se aponta um sucessor contemporâneo.


Metáfora interessante para toda a análise desse novo tempo, fica-se entre a crítica engasgada e o mundo com-estrutura-física de faz-de-conta. Mais complicado ainda: ambos cada vez mais estranhos ao mundo atual.

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Agradecimentos ao Aroldo por me apresentar (devidamente) Jerry Cantrell.

Um comentário:

vana disse...

entre os 1000 melhores?
porra, eu colocaria entre os 100 melhores, mas enfim, o formador de opinião aqui é o NY times e não a vana. ;)
(nitidamente desvalorizando o baudriland e super valorizando o buñuel)