sábado, 22 de março de 2008

Da arte de convivência harmoniosa entre pessoas e tecnologia...

Comerciais. Comerciais televisivos.
Sendo comerciais, eles possuem como fim último vender algo a alguém. Sendo televisivos, eles se jogam ao devir para supor a sua recepção. Nada novo aqui.

Mas dois comerciais que vi recentemente me chamaram a atenção:

O comercial da TIM recente:
http://www.youtube.com/watch?v=FaaICIIF6A8

O comercial da Johnie Walker da segunda metade de 2007 (presumo):
http://www.youtube.com/watch?v=7gdnZsZQJqA

Questão prática: se esses comerciais existem, há presumidamente pessoas ( bebendo whisky ou falando em celulares) que se questionam (conscientemente ou não) sobre a questão da tecnologia ter se tornado o foco. O suficiente para este elemento se tornar tema de uma forma de comunicação que visa vender Johnie Walker ou os produtos da TIM.
Esse processo, lógico, se coloca em 'adequação' e não 'antagonismo'. Mais claramente no comercial da empresa de celulares, que justamente vende novas tecnologias de informação e comunicação.

A discussão, também, não é nenhuma novidade: Jack London mal encostou no século XX e já estava lá "o Herege" querendo simplesmente descansar das máquinas e das relações sociais. E se joga então, na rede...nos vagões da rede ferroviária americana. Uma idéia semelhante a "Viver além da tecnologia", mas em uma atitude muito mais intensa, vai gerar o "Vagabundos iluminados" de Kerouac.

Particularmente, me parece claro que objetos não detém moralidade até a cognição humana aparecer. A TV se torna 'positiva' ou 'negativa' enquanto objeto de relações sociais humanas. O celular também. De certa forma, mesmo o Whisky.
Isso nos dá perspectivas do momento atual e das relações criadas em torno das tecnologias de informação e comunicação, não delas em si.

Também particularmente, me parece sempre positivo pensar o aspecto cognitivo e emocional de nossos 'sentidos da vida'.
Mas no estágio atual em que nos encontramos, há diferentes formas de se pensar esse aspecto cognitivo/emocional, a exemplo do trabalho de Iuri Bastos na banda F.U.R.T.O.:
http://www.youtube.com/watch?v=AGDFKRfyfik

Diferentes 'perspectivas do momento atual e das relações criadas em torno das tecnologias de informação e comunicação', que por vezes possuem distâncias homéricas do significado em um mesmo significante: evoluir, transformar, liberdade, sonho, igualdade...futuro...realidade...

Na ausência de diálogo mesmo possível, acabamos nos aproximando do bom e velho e confortável antagonismo: escolha seu inimigo ("choose your destiny", ao estilo Mortal Kombat): Pierre Levy ou Paul Virilio. Entendimentos antigos para uma discussão que até estruturalmente é diferenciada...como tentar colocar uma fita K7 em um aparelho de CD.

Voltando ao começo, 'a TIM entendeu', 'o Johnie Walker entendeu' e não vou me ater a questionar suas posturas aqui: o fato é que são apontadores de 'espírito do tempo' consideravelmente eficientes. E se não há algo de podre no reino sem geografia, parece que a euforia está tomando um outro rumo.

----------

Pode-se pensar também (ramificação lá no começo, e para complicar mais) no questionamento da literatura ciberpunk entre as opções de tecnologia e algo do emotivo-subjetivo, que obviamente inspira o andróide do comercial.
"Mas isso...é uma outra história..."

-----------

Um texto simpático e preciso falando de aspectos confluentes:
http://www.espacoacademico.com.br/033/33clemos.htm

Maria Alzira Brum Lemos - Os Intelectuais e a cibercultura: além dos apocalípticos e integrados


Creio que boa parte do que tentei explicar o texto traz com muito mais desenvoltura.

-----------

Esse post é dedicado ao Dr. Marcos Justo Tramontini, falecido professor da UNISINOS, que me apresentou a expressão 'turma do He-Man e turma do Esqueleto'.

Abraços.

PS: Eu prometo aprender como se colocam os vídeos direto na postagem, aí então edito os exemplos. :)

Nenhum comentário: