sábado, 5 de abril de 2008

Discurso e ambiente informatizado



A imagem ao acima é do Second Life. A 'cabeça' é do meu avatar. Ele está no local em que fiz meu discurso de formatura (no anfiteatro Padre Werner), em sua versão virtual, na 'ilha' da Unisinos.
Parece que tem um estalo a partir dela, que ainda não chegou.
Então, no momento, deixo só minha manifestação da estranheza não-agressiva com esse ambiente.

Esse post vai dedicado para a dona Vanir. Sendo metade do panteão nórdico, essa simpática mulher ainda tem tempo de ser o tira-dúvidas-via-telefone de seu ainda-um-pouco-atrapalhado filho.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Encasquetamentos com Baudrillard

http://revcom.portcom.intercom.org.br/index.php/famecos/article/viewArticle/295


O termo “O Anjo Exterminador”, hoje, talvez remeta mais facilmente aos quadrinhos e video-games com referenciais religiosos. Mas quem o utilizou pela primeira vez em uma obra foi o Luis Buñuel, em 1962. E se você que está lendo acha que eu vou fazer spoiler do filme pode ficar sossegado: ele foi uma eterna promessa não cumprida ao Macedo, que insistia volta e meia com a recomendação (que acabei nunca efetivando).

O link bem acima é de uma análise de Baudrillard sobre esses programas de 'várias-pessoas-em-uma-casa-que-vão-sendo-eliminadas', 'Reality Show', embora o termo me pareça absurdamente estranho para descrever o que neles acontece.

Baudrillard vai utilizar, entre outros, o Anjo Exterminador como um elemento-comparativo para expressar sua análise sobre esses programas.

Um questionamento da arte (entre tantos outros) a seguiu por todo o século XX, embora seja um problema anterior. O 'para quem se destina'. 'O Anjo Exterminador' é um dos 1000 melhores filmes do mundo segundo o New York Times. Quantas pessoas o viram? Mais importante: na relação de base com o indivíduo e seus referenciais, quem 'escolhe' trocar o trabalho do Buñuel pelo Big Brother?

Baudrillard fala também da Disneylândia. Mas a Disneylândia parece-me ser uma defasagem de imaginário. Talvez porque todo os E.U.A. se tornaram a Disneylândia (uma velha metáfora mas sempre interessante). Essa não é mais a era de Mickey Mouse.

Entre o Anjo Exterminador e a Disneylândia, vamos focar no jovem que vê esses programas.

O que o jovem de hoje assimila? O que é 'o jovem de hoje'? Naruto, Britney Spears, Orkut, Second Life, Jogos Mortais...BBB? O certo é que ele não assimila de forma generalizada o Anjo Exterminador, e ultimamente nem mesmo a Disneylandia. Quando começamos análises com esses elementos como pontos-chave, já estamos estabelecendo que esse texto não se destina a quem será analisado.

“O Anjo Exterminador” não descerá do céu. Ou alguém chama ele, ou se aponta um sucessor contemporâneo.


Metáfora interessante para toda a análise desse novo tempo, fica-se entre a crítica engasgada e o mundo com-estrutura-física de faz-de-conta. Mais complicado ainda: ambos cada vez mais estranhos ao mundo atual.

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Agradecimentos ao Aroldo por me apresentar (devidamente) Jerry Cantrell.

domingo, 23 de março de 2008

Adendo de Páscoa.

Independência e o som dos próprios passos. Aqui e ali, diálogos, aqui e ali, lojas abrindo, carros tornam-se parceiros ocasionais da paisagem.
Mas o fato de ouvir os próprios passos é um tanto antológico. De perceber sentidos geográficos e sentidos perceptivos por etapas (mais um, mais um...).

Independência pende ao fantástico da multidão (se nocivo ou não, vai de seus efeitos particulares a cada um). Mas, ao menos por algumas horas, aparentemente a tendência foi suprimida.

Não sou cristão, mas me parece que essa é uma data (falando amplamente) com o sentido atribuído de reanalisar as coisas, revisar os filtros.

Tratando do tempo lentamente, saboreando a transição do espaço...buenas, é difícil deixar de refletir 'um pouco no tudo'.

Abraços.

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Esse post vai dedicado para Ted Nelson, inventor do hipertexto, do Projeto Xanadu e da expressão 'hummingbird mind' (mente de beija-flor) para substituir 'Attention Deficit Disorder' (no Brasil: Distúrbio* de Déficit de Atenção).

"a grande maioria das pessoas é enganada, a grande maioria da autoridade é maligna, Deus não existe e tudo está errado." - ainda que seja uma citação-despedida um tanto distoante para um domingo de Páscoa...enfim, grande Ted Nelson!

PS: Link do Xanadu Project: http://xanadu.com/

* Escrevi 'Desvio' originalmente. Grato ao comentário da Rosangela que me deu esse insight. :)

sábado, 22 de março de 2008

Da arte de convivência harmoniosa entre pessoas e tecnologia...

Comerciais. Comerciais televisivos.
Sendo comerciais, eles possuem como fim último vender algo a alguém. Sendo televisivos, eles se jogam ao devir para supor a sua recepção. Nada novo aqui.

Mas dois comerciais que vi recentemente me chamaram a atenção:

O comercial da TIM recente:
http://www.youtube.com/watch?v=FaaICIIF6A8

O comercial da Johnie Walker da segunda metade de 2007 (presumo):
http://www.youtube.com/watch?v=7gdnZsZQJqA

Questão prática: se esses comerciais existem, há presumidamente pessoas ( bebendo whisky ou falando em celulares) que se questionam (conscientemente ou não) sobre a questão da tecnologia ter se tornado o foco. O suficiente para este elemento se tornar tema de uma forma de comunicação que visa vender Johnie Walker ou os produtos da TIM.
Esse processo, lógico, se coloca em 'adequação' e não 'antagonismo'. Mais claramente no comercial da empresa de celulares, que justamente vende novas tecnologias de informação e comunicação.

A discussão, também, não é nenhuma novidade: Jack London mal encostou no século XX e já estava lá "o Herege" querendo simplesmente descansar das máquinas e das relações sociais. E se joga então, na rede...nos vagões da rede ferroviária americana. Uma idéia semelhante a "Viver além da tecnologia", mas em uma atitude muito mais intensa, vai gerar o "Vagabundos iluminados" de Kerouac.

Particularmente, me parece claro que objetos não detém moralidade até a cognição humana aparecer. A TV se torna 'positiva' ou 'negativa' enquanto objeto de relações sociais humanas. O celular também. De certa forma, mesmo o Whisky.
Isso nos dá perspectivas do momento atual e das relações criadas em torno das tecnologias de informação e comunicação, não delas em si.

Também particularmente, me parece sempre positivo pensar o aspecto cognitivo e emocional de nossos 'sentidos da vida'.
Mas no estágio atual em que nos encontramos, há diferentes formas de se pensar esse aspecto cognitivo/emocional, a exemplo do trabalho de Iuri Bastos na banda F.U.R.T.O.:
http://www.youtube.com/watch?v=AGDFKRfyfik

Diferentes 'perspectivas do momento atual e das relações criadas em torno das tecnologias de informação e comunicação', que por vezes possuem distâncias homéricas do significado em um mesmo significante: evoluir, transformar, liberdade, sonho, igualdade...futuro...realidade...

Na ausência de diálogo mesmo possível, acabamos nos aproximando do bom e velho e confortável antagonismo: escolha seu inimigo ("choose your destiny", ao estilo Mortal Kombat): Pierre Levy ou Paul Virilio. Entendimentos antigos para uma discussão que até estruturalmente é diferenciada...como tentar colocar uma fita K7 em um aparelho de CD.

Voltando ao começo, 'a TIM entendeu', 'o Johnie Walker entendeu' e não vou me ater a questionar suas posturas aqui: o fato é que são apontadores de 'espírito do tempo' consideravelmente eficientes. E se não há algo de podre no reino sem geografia, parece que a euforia está tomando um outro rumo.

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Pode-se pensar também (ramificação lá no começo, e para complicar mais) no questionamento da literatura ciberpunk entre as opções de tecnologia e algo do emotivo-subjetivo, que obviamente inspira o andróide do comercial.
"Mas isso...é uma outra história..."

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Um texto simpático e preciso falando de aspectos confluentes:
http://www.espacoacademico.com.br/033/33clemos.htm

Maria Alzira Brum Lemos - Os Intelectuais e a cibercultura: além dos apocalípticos e integrados


Creio que boa parte do que tentei explicar o texto traz com muito mais desenvoltura.

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Esse post é dedicado ao Dr. Marcos Justo Tramontini, falecido professor da UNISINOS, que me apresentou a expressão 'turma do He-Man e turma do Esqueleto'.

Abraços.

PS: Eu prometo aprender como se colocam os vídeos direto na postagem, aí então edito os exemplos. :)

segunda-feira, 17 de março de 2008

Çá?

“Um dia ainda eu hei de morar nas terras do Sem-Fim.”


A identidade não se busca em souvenirs, mas no olhar. O 'tão-mais-complexo-de-entender' olhar.

No cinema brasileiro essa busca pela perspectiva condensou alguns elementos a tentar forjar, em seu suporte, um reflexo do olhar nacional. Busca eterna e ingrata, obviamente. Mas não ausente de descobertas.

Em grande parte somos atualmente, enquanto identidade cinematográfica, “X segundo Y”. X, elemento confuso de uma sociedade também confusa, deve ser buscado por Y enquanto cognição Somos a busca de entendimento das mazelas da nossa sociedade. História Cultural em cinema, em especial seu fascínio pelos 'até então invisíveis'. Que histórias contamos? (Entre elas): De policiais entrando em paranóia, de presidiários se convertendo, de rituais atávicos para um assassinato de motivo difuso, ou naturalidade para um assassino difuso. Em boa medida, brasileiro tem sempre algo do Kafka: o manicômio, o morro, o presídio, a periferia, o sertão. Sistemas que, ao olhar de quem sofre o ato ou atua, são por demais complexos para que ele possa manobrar de qualquer forma próxima ao termo 'livre'.

Narrativa apontável, clara, objetiva e de rápida assimilação. Experimentações ao 'contar histórias' há muito (vide Cinema Novo) não possuem um terreno muito fértil no cinema nacional. Se busca a destruição do medíocre nos detalhes, nas reviravoltas. No que se assimila enquanto 'próximo de nosso olhar ao cotidiano'.

Então: narrativas relativamente simples em sua base e continuidade, mas atenta aos detalhes e interpretando um não-entendimento da estrutura. É como 'contamos' parte de 'nossas' histórias, relação com o 'Nós' dependente da existência dessa tal 'identidade'.


“Me enfio nessa pele de seda elástica e saio a correr mundo”


Agora, vamos falar rapidamente de Tecnocultura. “(...) campo comunicacional enquanto instância de produção de bens simbólicos ou culturais, mas também para a impregnação de ordem social pelos dispositivos maquínicos de estetização ou culturalização da sociedade” (Muniz Sodré). Vamos atentar à denominação 'bens simbólicos e culturais' (chegaremos, espero, mais tarde nos 'dispositivos maquínicos'). Através da tecnocultura produzimos e comunicamos (e produzimos comunicando ou comunicamos produzindo) os bens simbólicos e culturais.

Como o cinema, aquele...com olhar específico.


“Começa agora a floresta cifrada.”


É possível, em meio à globalização (ou globalizações do Morin, que considero mais viável em especial nessa discussão: tomemos a-globalização-Mboitatá-devoradora-de-olhares-alheios como a falada aqui), que os suportes utilizados por produtores periféricos de uma determinada mídia (como o Brasil) possam, em seu diálogo, produzir discursos com elementos regionalizados? Ao mesmo tempo ao contrário: É possível fugir da polifonia e do 'atrelamento ao meio' no próprio discurso?

Seria possível tornar o aspecto comunicacional da Tecnocultura (praticamente ela em si) em um elemento capaz de expressar um 'nós', talvez mais próximo de forma informacional ao mundo porém em boa medida (ainda?) particular?

O que o olho do Macunaíma digital vê?


“E agora, compadre, eu vou de volta pro Sem-Fim.”



PS: Todas as citações em parágrafo solto são de Raul Bopp (Cobra Norato)

PS 2: Este texto é um projeto-de-projeto (um convite?) a discussões futuras envolvendo o mesmo tema. E não está nem próximo de 'produto acabado'.

Abraços.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Olá

Olá a todos.
Este blog será um depósito de muitas coisas. Espero que gostem.

Abraços.